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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Negociação (quase) impossível!

Logo no primeiro ano que cheguei em Pequim, comecei, imediatamente, um curso de mandarim para se adaptar mais facilmente à China. Sempre busquei falar o idioma local, por mais que me parecesse impossível.

Em um dos meus primeiros passeios, após o início das minhas aulas de chinês, fui, com meu marido, ao Panjiayuan, o famoso mercado de antiguidades de Pequim.

Depois de comprar em diversas quiosques do mercado e negociar, bem ou mal, com o meu pouco mandarim da época, cheguei a um quiosque onde o simpático vendedor tinha estátuas dos três reis da China. Após uma breve conversa, meu marido e eu decidimos que iríamos comprar e partimos para a negociação. Vale lembrar que aqui na China os produtos nos mercados não tem preço e devem ser negociados. Não se começa uma negociação se não tiver o real interesse de comprar. Essa é uma regra básica em respeito ao vendedor.

Comecei a barganhar porque se deixasse nas mãos do meu marido, ele levaria pelo triplo do preço. O problema é que começou a ficar difícil a negociação. O vendedor muitas vezes me ignorava e por mais que eu me esforçasse para falar mandarim ele parecia não me entender. Comecei a ficar irritada com aquela situação. “Que cara mais chato!”- pensei. “Porque todo mundo fazia um esforço para se comunicar comigo ainda que o meu mandarim não fosse claro, mas aquele antipático insistia em mostrar a calculadora para negociar e me ignorava cada vez que eu propunha um valor!”

Meu marido, que adora tirar onda comigo, falou : “ O teu chinês tá é ruim! (risos). “Ah, paciência, eu acho que quem não fala mandarim é esse chinês, tô fazendo tudo direitinho!” - pensei.

Depois de muito tempo de discussão, só eu falando e o vendedor insistindo em não dar uma palavra comigo, uma senhora, esposa do então vendedor, foi chegando na barraca e me disse: “Pode resolver comigo, ele é surdo e mudo!”. Quase morri de vergonha! Tadinho do moço tava tentando me mostrar a calculadora no afã de poder ajudar!!! Nunca mais, por mais que a situação seja óbvia, eu vou julgar os chineses, sempre tão simpáticos e solícitos. Comprei as três estátuas dos reis, dei um abraço no vendedor, pedi desculpas e ainda ganhei desconto!